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O Natal e as Festas de Fim de Ano: podemos ou não participar dessas festas?

Para respondermos a essa pergunta é preciso entender a diferença entre as práticas cultuais (I’baadaat) e as práticas das relações sociais (Mu’amalaat) para um convívio pacífico e respeitoso com aqueles que não professam a mesma fé que nós.  Na verdade, não existe nenhuma aya ou hadith que diga que é proibido participar dessas festa.  Essas festas, inclusive, já existiam na época do Profeta saws e da revelação do Alcorão.  Aqui cabe uma pergunta para reflexão: por que Allah SWT não especificou, no Alcorão,  que é proibido  comer a comida dos judeus e cristãos no dia de suas festas, por exemplo? Pelo contrário, existem ayas autorizando as pessoas a se alimentarem de suas comidas (Surata 5, Aya 5  “Hoje, estão-vos permitidas todas as coisas sadias, assim como vos é lícito o alimento dos que receberam o Livro, da mesma forma que o vosso é lícito para eles”  http://arresala.org.br/alcorao-sagrado/5-2 ). Quando o Profeta saws via os muçulmanos fazendo algo da época pré-corânica, ele não proibia, ele propunha algo melhor,  o que não significa que ele estava proibindo. É preciso entender a noção de participar.  O Hajj, antes de se tornar um dos pilares do Islam, era uma festa pagã e o profeta saws se aproximava e participava de forma islâmica fazendo dawaa. Isso não quer dizer que ele participava da adoração de mais de 300 ídolos pelo simples fato de visitar, se aproximar e participar. Ele visitava, se aproximava das pessoas e não do culto, estabelecendo assim,  as relações sociais no sentido de conversar com as pessoas, aceitar os convites para comer. É notório que participar do culto é proíbido (haram).  Quanto a saudar as pessoas, se alimentar da comida que elas oferecem, ser gentil com elas nesses dias, não existe nenhum texto corânico ou da sunnah que diga que isso é proibido. É preciso diferenciar a prática do culto, I´baadaat,  da prática das relações sociais, Mu’amalaat.

 

Mi’raajaan

Aisha RA relatou que algumas mulheres de Ansar tinham conhecidos persas e perguntaram a ela se podiam ir a Mi’raajaan, festa religiosa persa, para a qual foram convidadas. Aisha autorizou e disse que podiam ir e comer, exceto a carne do animal oferecido às divindades deles. Podiam comer de tudo, menos o haram.

 

Nayruz

Há relatos sobre o Imam Ali RA ter recebido e oferecido presentes durante a festa de Nayruz, festa religiosa persa. Como se explica a proibição de participar da festa já que o  Imam Ali RA aceitou e ofereceu presentes durante o Nayruz? Está claro que se ele recebeu presentes, independente de ter sido no dia anterior ou posterior ao dia da festa, houve uma maneira de participar da festa, não é verdade?  Podemos, então, considerar o Imam Ali RA um idólatra? Podemos afirmar que ele era xiita, como alguns dizem por aí?  Abū ʻUbayd al-Qāsim ibn Sallām relata no seu livro KITAABUL AMWAAL, segundo Harun ibn Antara , segundo seu pai: “cheguei, no Rahba,  e vi Ali ibn Abi Tolib com os chefes religiosos persas, no dia de Nayruz, e diante deles estavam os presentes” (para conhecer o livro e não confundir com livro xiita, ver o link: https://books.google.com.br/books/about/Kit%C4%81b_Al_amw%C4%81l.html?id=LXVBBdEFySsC&redir_esc=y). Imam Ali RA recebeu presentes e o muçulmano não pode aceitar a comida? O Profeta saws recebia e aceitava presentes dos não-muçulmanos, e não há nenhum texto que especifique que só se pode aceitar os presentes dos não-muçulmanos nos dias que não sejam os dias das suas festas.  Não há nenhum hadith que proíba dar e receber presentes dos não-muçulmanos, independente de serem dias comuns ou de festas. O fato de receber e dar presentes ou felicitar não quer dizer que se comemorou a festa no sentido cultual, mas a manutenção dos bons laços sociais. Ali Ibn Abi Tolib recebeu representantes persas,  no dia desta festa religiosa importante para os persas da época,  e aceitou os presentes deles ( livro Al Amwaal de Qossim Ibn Salam ). Não existe nenhum hadith que fale especificamente da proibição. Inclusive existem ahadith que mostram que, na época do Profeta saws, existiam festas pré-corânicas e que os muçulmanos continuaram participando delas, porém deixando de lado as práticas religiosas.

    

Fara’ah

Fara’ah era uma festa que se referia ao sacrifício de animais. Nesse dia, se sacrificava um animal para uma divindade. A’mr Ibnul Ass perguntou ao Profeta saws se poderiam fazer o Fara’ah e ele autorizou, desde que não se matasse o animal para os ídolos.  Ele proibiu que esse sacrifício fosse feito em nome das divindades, porém ele autorizou que o fizessem com a intenção de se alimentarem. Amr Ibn Chu’aib, segundo seu pai, segundo seu avô (Amr Ibn Al’ass) perguntou ao profeta se poderiam fazer Al-Fara’ah , o profeta disse “Ifra’uu= façam a Fara’ah”. Outras cadeias deste hadith: segundo Hafsa , segundo A’icha,  ralatado por ibn jundub. (Tabarani acrescenta que só era proibido fazer a parte do culto).

 

A’tirah

A’tirah era uma festa anual que acontecia durante o mês de Rajab e o Profeta Muhammad saws autorizou os seus companheiros a participarem dessa festa ( Abu Dawud, Ibn Majah, Tirmidzi, Nassaa-i ).  No Mukhtassar de Muznii ( aluno de Chaf'i ), Imam Chaf’i considera que é recomendável participar dessa festa, apesar de ser pré-corânica, pois servia para reunir as pessoas (os muçulmanos).  Houve uma época em que A’tirah foi praticada como uma obrigação para os muçulmanos. A obrigatoriedade só foi retirada mais tarde, segundo a  INTERPRETAÇÃO de Abu Dawud. O hadith abaixo mostra que essa obrigatoriedade existiu durante a peregrinação do profeta saws, ou seja,  a menos de dois anos do fim da revelação.

 

Book 9, Number 2782:

Narrado Mikhnaf Ibn Sulaym: Nós estávamos com o Apóstolo de Allah (saw) em Arafat; ele disse: Ó povo, toda família deve oferecer um sacrifício e uma A’tirah. Você sabe o que é  A’tirah? É o que você chama de sacrifício de Rajab.

 

Abu Dawud disse: 'A’tirah foi ab-rogada, e essa tradição é ab-rogada na interpretação de Abu Dawud. Veja que ele fala de ab-rogada e não proibida. O que foi ab-rogada é a obrigatoriedade da prática. A partir do momento que já existiam práticas próprias ao Islam, esta se tornou opcional, e não proibida.

Por isso que o Imam Chaf’i considerou recomendada, como relata Ibn Muznii no seu Mukhtassar. ( Obs: a interpretação de Imam Chaf’i é um pouco diferente da do Imam Abu Dawud), Ibn Majá , Tirmidzi e Na-nassa’i também relatam ahadith com o mesmo conteúdo.

 

O mesmo aconteceu com o jejum de A’shura que era uma prática ante-corânica dos quraishitas. Como não era contraditório ao Islam, o profeta saws mandou os muçulmanos praticarem e quando chegou o jejum do Ramadan,  esta prática virou opcional como pode se ver nesses ahadith:

Hadith No: 117

De: Sahih Bukhari. Capítulo 31, Jejum

Narrado / Autoridade de Aisha

(A tribo de) Quraish costumava jejuar no dia de Ashura no período pré-corânico, e então o Apóstolo de Allah ordenou (os muçulmanos) jejuar até que o jejum no mês de Ramadan fosse prescrito; e então o Profeta disse: "Aquele que quer jejuar (na Ashura) pode jejuar, e aquele que não quer jejuar, pode não jejuar."

Hadith No: 117

De: Sahih Bukhari. Capítulo 31, Jejum

Narrado / Autoridade de Aisha

(A tribo de) Quraish costumava jejuar no dia de Ashura no período pré-corânico, e então o Apóstolo de Allah ordenou (os muçulmanos) jejuar até que o jejum no mês de Ramadan fosse prescrito; e então o Profeta disse: "Aquele que quer jejuar (na Ashura) pode jejuar, e aquele que não quer jejuar, pode não jejuar."

Hadith No: 219

De: Sahih Bukhari. Capítulo 31, Jejum

Narrado / Autoridade de Aisha

O apóstolo de Allah ordenou que os muçulmanos jejuassem no dia de Ashura, e quando o jejum no mês de Ramadan foi prescrito, tornou-se opcional jejuar naquele dia (Ashura) ou não.

1.Hadith consta no Al Bukhari رحمه الله,transmitido por Abu Huraira, رضي الله عنه, disse que ouvira o Mensageiro صلى الله عليه وسلم, dizer: " Não é permissível o Fara’ah e nem A’tirah". As duas eram práticas da época da ignorância. Fara’ah era o sacrifício do animal para aproximação dos deuses e A’tirah era o sacrifício de animais em nomes de ídolos, nos dez primeiros dias do Rajab.

 

2. Hadith, Abu Dawud Annassa' e Al Hakim: chegou um homem ao Mensageiro de Allah صلى الله عليه وسلم, e disse: ' nós praticávamos a A’tirah na ignorância. O que nos ordena?' Disse o Profeta Muhammad صلى الله عليه وسلم, "Sacrifiquem em qualquer mês.”

Estar no Bukhari não quer dizer que é autêntico. Imam Bukhari não cita o hadith da A'tirah no conteúdo do texto dele, cita apenas como acréscimo/comentário. O Profeta saws não usou o termo haram ( proíbido ) em nenhum lugar no texto do hadith citado de Abu Hurairah.  Quem colocou este termo proibido foi o tradutor, ou seja,  agiu de forma hipócrita colocando sua interpretação como se isso fizesse parte do texto, da mesma forma como os cristãos fizeram com a bíblia. A interpretação correta a se entender é que Bukhari coloca isso no capítulo do sacrifício para o recém-nascido. Ele coloca como uma informação complementar para explicar que quando o profeta falava do sacrifício, não se referia nem a Fara'ah nem a A'tirah, mas, especificamente, ao sacrifício para o recém-nascido (pode averiguar neste link a confirmação  do  título do capítulo e a localização do citado hadith no final:
http://i-cias.com/textarchive/bukhari/066.htm). Há época, o sacrifício para o  recém-nascido era uma prática iniciada pelo Islam e foi  preciso explicar e diferenciá--la dos outros tipos de sacrifícios que existiam. É como se dissesse : "este sacrifício não é Fara'ah nem A’tirah", ou   " este sacrifício é diferente de Fara'ah e  A'tirah". Assim se entende a interpretação de Bukhari e o porquê dele ter colocado este hadith (mesmo sem confiar na sua total autenticidade) como comentário do capítulo. Este hadith está aí para fazer uma precisão e não para proibir Fara'ah e A'tirah. A palavra proibido não aparece em nenhum lugar do hadith (texto original em árabe:روى أبو هريرة: قال النبي "لا فارا ولا عتيرة" ),  pelo contrário,  há outros ahadith que permitem essas práticas, o que confirma que o texto está aí para fazer uma precisão. Quando se pega um hadith do Abu Hurairah, é preciso saber se ele próprio considerou esse hadith autêntico ou não.  Constar no livro dele não significa que ele considerou autêntico. Os extremistas é que tiram o texto do contexto, assim como o capítulo e o momento histórico; manipulam o texto acrescentado palavras que não existem no texto original para confundir as pessoas. E todos nós sabemos que um texto fora do seu contexto vira pretexto para equívocos. Mesmo se considerarmos a interpretação feita pelo “tradutor”, que acrescentou coisas no texto (assim como os cristãos fizeram com a bíblia), o hadith no Bukhari proibia simplesmente a prática de fazer a imolação para outras divindades, porém não proíbe o fato de matar. Isso significa que ele proíbe a parte prática do culto, e não a parte da prática social. Existe outro hadith que contraria esses dois ahadith dizendo, claramente, que o Profeta Muhammad saws autorizou as comemorações de A'tirah e Fara’ah:

"Um homem disse: 'Ó Mensageiro de Deus, nós costumávamos sacrificar o  A’tirah durante a Jahiliyyah em Rajab; o que você nos manda fazer? ' Ele disse: 'Sacrifício a Allah, o Poderoso e Sublime, seja qual for o mês, faça o bem por amor a Allah, o Poderoso e Sublime, e alimente (os pobres)'

' ”.أَخْبَرَنَا يَعْقُوبُ بْنُ إِبْرَاهِيمَ، عَنِ ابْنِ عُلَيَّةَ، عَنْ خَالِدٍ، قَالَ حَدَّثَنِي أَبُو قِلاَبَةَ، عَنْ أَبِي الْمَلِيحِ، فَلَقِيتُ أَبَا الْمَلِيحِ فَسَأَلْتُهُ فَحَدَّثَنِي عَنْ نُبَيْشَةَ الْهُذَلِيِّ، قَالَ قَالَ رَجُلٌ يَا رَسُولَ اللَّهِ إِنَّا كُنَّا نَعْتِرُ عَتِيرَةً فِي الْجَاهِلِيَّةِ فَمَا تَأْمُرُنَا قَالَ"‏ اذْبَحُوا لِلَّهِ عَزَّ وَجَلَّ فِي أَىِّ شَهْرٍ مَا كَانَ وَبَرُّوا اللَّهَ عَزَّ وَجَلَّ وَأَطْعِمُوا ‏"‏

 

Grade:                             Sahih(Darussalam)

Reference:                     Sunan an-Nasa'i 4232

In-book reference:     Book 41, Hadith 11

English translation:     Vol. 5, Book 41, Hadith 4237

Colocando este hadith por completo,  fica claro que o profeta saws autorizou a prática do sacrifício de A’tirah, podendo a pessoa fazer em qualquer mês , justamente para manter a parte social e desvincular da parte cultual.  Se a pessoa quiser,  pode fazer no mês de Rajab. O profeta não disse em lugar algum para fazer em outro mês, mas disse para fazer no mês que quiser. Aliás,  Imam Na-nassá-i  consagra um capítulo inteiro a A’tirah  e Fara’ah. Ou seja, os ahadith estão dentro do seu contexto, no texto.

It was narrated from Nubaishah, a man of Hudhail, that the Prophet said:

 

"I used to forbid you to store the meat of the sacrifices for more than three days so that there would be enough for everyone. But now, Allah, the mighty and sublime, has bestowed plenty upon us, so eat some, give some in charity and store some.  For these days are the days of eating, drinking and remembering Allah." A man said: "O Messenger of Allah, we used to sacrifice the 'Atirah during the Jahiliyyah in Rajab; what do you command us to do?" He said: "Sacrifice to Allah, the Mighty and Sublime, whatever month it is, do good for the sake of Allah, the Mighty and Sublime, and feed (the poor)." He said: "O Messenger of Allah, we used to sacrifice the Fara' during the Jahiliyyah; what do you command us to do?" He said: "For every flock of grazing animals, feed the firstborn as you feed the rest of your flock, until it reaches an age where it could be used to carry loads, then sacrifice it, and give its meat in charity to the wayfarer, for that is good."

 

Foi narrado de Nubaishah, um homem de Hudhail, que o Profeta disse:

 

"Eu costumava proibir você de estocar a carne dos sacrifícios por mais de três dias para que houvesse o suficiente para todos. Mas agora Allah, O Poderoso e Sublime, nos concedeu bastante, então coma um pouco, dê um pouco em caridade e guarde um pouco em estoque. Pois,  estes dias são os dias de comer, beber e se lembrar de Allah ". Um homem disse: "Ó Mensageiro de Allah, nós costumávamos sacrificar a A'tirah durante a Jahiliyyah em Rajab; o que você nos manda fazer?" Ele disse: "Sacrifício a Allah, o Poderoso e Sublime, seja qual for o mês, faça o bem por amor a Allah, o Poderoso e Sublime, e dê de comer (aos pobres)".

Ele disse: "Ó Mensageiro de Allah, nós costumávamos sacrificar a Fara'ah durante o Jahiliyyah; o que você nos manda fazer?" Ele disse: "Para cada rebanho de animais de pasto, alimente o primogênito enquanto você alimenta o resto do seu rebanho, até que ele alcance uma idade em que poderia ser usado para transportar cargas, então o sacrifique e dê sua carne em caridade ao viajante", porque isso é bom ".

أَخْبَرَنَا عَبْدُ اللَّهِ بْنُ مُحَمَّدِ بْنِ عَبْدِ الرَّحْمَنِ، قَالَ حَدَّثَنَا غُنْدَرٌ، عَنْ شُعْبَةَ، عَنْ خَالِدٍ، عَنْ أَبِي قِلاَبَةَ، عَنْ أَبِي الْمَلِيحِ، وَأَحْسَبُنِي، قَدْ سَمِعْتُهُ مِنَ أَبِي الْمَلِيحِ، عَنْ نُبَيْشَةَ، - رَجُلٌ مِنْ هُذَيْلٍ - عَنِ النَّبِيِّ صلى الله عليه وسلم قَالَ ‏"‏ إِنِّي كُنْتُ نَهَيْتُكُمْ عَنْ لُحُومِ الأَضَاحِي فَوْقَ ثَلاَثٍ كَيْمَا تَسَعَكُمْ فَقَدْ جَاءَ اللَّهُ عَزَّ وَجَلَّ بِالْخَيْرِ فَكُلُوا وَتَصَدَّقُوا وَادَّخِرُوا وَإِنَّ هَذِهِ الأَيَّامَ أَيَّامُ أَكْلٍ وَشُرْبٍ وَذِكْرِ اللَّهِ عَزَّ وَجَلَّ ‏"‏ ‏.‏ فَقَالَ رَجُلٌ إِنَّا كُنَّا نَعْتِرُ عَتِيرَةً فِي الْجَاهِلِيَّةِ فِي رَجَبٍ فَمَا تَأْمُرُنَا قَالَ ‏"‏ اذْبَحُوا لِلَّهِ عَزَّ وَجَلَّ فِي أَىِّ شَهْرٍ مَا كَانَ وَبَرُّوا اللَّهَ عَزَّ وَجَلَّ وَأَطْعِمُوا ‏"‏ ‏.‏ فَقَالَ رَجُلٌ يَا رَسُولَ اللَّهِ إِنَّا كُنَّا نُفَرِّعُ فَرَعًا فِي الْجَاهِلِيَّةِ فَمَا تَأْمُرُنَا قَالَ فَقَالَ رَسُولُ اللَّهِ صلى الله عليه وسلم ‏"‏ فِي كُلِّ سَائِمَةٍ مِنَ الْغَنَمِ فَرَعٌ تَغْذُوهُ غَنَمُكَ حَتَّى إِذَا اسْتَحْمَلَ ذَبَحْتَهُ وَتَصَدَّقْتَ بِلَحْمِهِ عَلَى ابْنِ السَّبِيلِ فَإِنَّ ذَلِكَ هُوَ خَيْرٌ ‏"‏ ‏.‏

Grade:                              Sahih(Darussalam)

Reference:                      Sunan an-Nasa'i 4230

In-book reference:      Book 41, Hadith 9

English translation:     Vol. 5, Book 41, Hadith 4235

Uma festa tem dois aspectos: o cultual e o social que é a parte da confraternização, como oferecer comida e saudar as pessoas. Manter os laços sociais é uma forma de mostrar que o Islam é uma filosofia de vida para toda a sociedade e que não veio para excluir ninguém, muito menos ser exclusivista. Não existe hadith algum que proíba a confraternização. A proibição está na prática do culto.

 

Existem outros textos sobre o comportamento dos sahabas em relação às festas não-islâmicas,  com esses a seguir:

Abu Qabus reported: A woman asked Aisha, “We have a nurse among the Magians and they give us gifts on their festivals.” Aisha said:

 

أَمَّا مَا ذُبِحَ لِذَلِكَ الْيَوْمِ فَلا تَأْكُلُوا وَلَكِنْ كُلُوا مِنْ أَشْجَارِهِمْ

 

As for the meat they have slaughtered, then do not eat it. Rather, you may eat from the fruit of their trees.

 

Abu Qabus relatou: Uma mulher perguntou a Aisha: “Temos uma conhecida entre os magos e eles nos dão presentes em suas festas.” Aisha disse: Quanto à carne que eles abateram, não comam. Em vez disso, você pode comer do fruto de suas árvores. (pode comer a comida, mas a carne não,  pois eles abatem para a divindade deles)

Source: Musannaf ibn Abi Shayba 31986

Abu Barza reported: He had neighbors among the Magians who would give him gifts during their new year celebration and festivals. Abu Barza would say:

 

مَا كَانَ مِنْ فَاكِهَةٍ فَكُلُوهُ وَمَا كَانَ مِنْ غَيْرِ ذَلِكَ فَرُدُّوهُ

 

Whatever they give you of fruits, then eat it. Whatever they give you besides that, then return it.

Source: Musannaf ibn Abi Shayba 23773

Abu Barza relatou: Ele tinha vizinhos entre os magos que lhe davam presentes durante a celebração de ano novo e as festas. Abu Barza diria: Tudo o que eles te dão de frutas,  coma. O que quer que eles te dêem além disso, então devolva.

Ibn Taymiyyah comments on these traditions, saying:

فهذا كله يدل على أنه لا تأثير للعيد في المنع من قبول هديتهم بل حكمها في العيد وغيره سواء لأنه ليس في ذلك إعانة لهم على شعائر كفرهم

These narrations demonstrate that non-Muslim festivals do not prevent Muslims from accepting their gifts. Rather, the rule during the festival is the same as other times since it does not involve support for their rituals of unbelief.

 

Ibn Taymiyyah comenta sobre essas tradições, dizendo:

 

Essas narrações demonstram que as festas não-islâmicas não impedem que os muçulmanos aceitem seus presentes. Em vez disso, a regra durante a festa é a mesma das outras vezes, uma vez que não envolva apoio aos seus rituais de incredulidade.

Source: Iqtiḍāʼ al-Ṣirāṭ al-Mustaqīm 250

Alguns tentam usar outras fatwas de Ibn Taymiyyah em contextos de Guerra para defender suas opiniões. Só que deixam, voluntariamente, de lembrar que Ibn Taymyyah morava no Shams, território muçulmano invadido pelas cruzadas onde muçulmanos eram massacrados. É claro que ele terá opiniões que serão adaptadas ao contexto de guerra e que são opiniões, às vezes, que contradizem as suas práticas,  e isso é algo normal nesse tipo de situação. O que não se deve fazer é confundir opiniões emitidas em situação de guerra com opiniões emitidas em situação de paz. Por isso que existem algumas fatwas ( fatwa significa dar uma resposta pontual a uma situação pontual ) de Ibn Taymyiyah cujas opiniões são de proibir relação social, mas ele mesmo em outras situações, como o citado acima, dá outras opiniões diferentes quando não há situação de guerra. Na época das cruzadas, ora tinha guerra ora tinha paz. Portanto, não faz sentido usar as opiniões dele emitidas em situação de guerra  em outra situação.  Tem que se entender as fatwas de Ibn Taymiyyah pelo contexto em que ele as emitiu. È um direito que haja opiniões que proíbam,  mas não se pode dizer que é a única opinião válida no Islam. Querer obrigar que se aceite uma única opinião é extremismo. Inclusive,  essas opiniões de haram não citam nenhum texto claro que declare que é haram, na verdade,  são interpretações e, às vezes, manipulação dos textos dos ahadith. Não precisamos desse tipo de manipulação. Os terroristas já fazem isso para usar o falso argumento de seguir o Alcorão e a Sunnah para matar inocentes. Se não há texto claro, que não se imponha uma opinião para a ummah. O hadith da dúvida se aplica a isso. Se não tem certeza que algo é proibido, não proíba, senão estará entrando nos direitos de Allah SWT. Siga a sua e respeite a dos outros. A referência máxima do Islam é o Alcorão e a Sunnah.

 

Outro argumento que alguns usam é que alguns evangélicos não aceitam nada que venha da celebração do Natal e que devemos nos comportar como eles. Somos muçulmanos e os evangélicos não são a referência para a nossa postura. Devemos agir em relação à postura do Alcorão, do Profeta saws  e de seus sahabas.

E Allah sabe melhor!

Seguem abaixo os  links de outras fatwas e as fontes dos textos citados acima.

 

Fontes dos ahadith: Imam Tabaraani, Abu Dawud, Ibn Majah, Tirmidzi, Nassaa-i, mukhtassar de Muznii, Al Amwaal de Qossim Ibn Salam, Mussannaf de  Ibn Abi Chaybah

 

https://archive.islamonline.net/?p=5357

http://www.dar-alifta.org/Foreign/ViewFatwa.aspx?ID=6710

https://abuaminaelias.com/congratulating-non-muslims-on-their-festivals-and-celebrations/

https://sunnah.com/nasai/41/11

https://sunnah.com/nasai/41/9

http://www.iium.edu.my/deed/hadith/abudawood/009_sat.html

http://i-cias.com/textarchive/bukhari/066.htm

http://i-cias.com/textarchive/bukhari/066.htm

 

OUTRAS FONTES:

 

Assistir às festividades natalinas da família não-muçulmana

26 DE DEZEMBRO DE 2009

 

Respondido por Sidi Waseem Hussain

Pergunta: É permitido que um convertido participe das celebrações de Natal de sua família?

 

Resposta: Assalamu Alaykum Warahmatullah,

Seria permissível comparecer a um evento como esse, pois seria manter laços com a família.Pode-se assistir às reuniões sociais, mas deve-se abster discretamente de participar ativamente de quaisquer atividades “religiosas”.

[Ibn Abidin, Nashr al-Urf;Ibn Abidin, Radd al-Muhtar;Nahlawi, Durar al-Mubaha]

E Allah sabe melhor

Waseem Hussain

Verificado e Aprovado por Faraz Rabbani

http://seekershub.org/ans-blog/2009/12/26/attending-christmas-festivities-of-ones-non-muslim-family/

 

Dando e recebendo presentes de Natal

 

25 DE DEZEMBRO DE 2009

Respondido por Sidi Waseem Hussain

 

Pergunta: É permitido receber presentes de Natal de membros da família não-muçulmana, vizinhos, colegas de trabalho e afins? O que dar a eles?

 

Resposta: Assalamu Alaykum Warahmatullah,

Não há nada de errado em aceitar tais presentes, pois eles não são atos religiosos em si mesmos, mas costumes sociais.Manter laços familiares, ser bom para os vizinhos, colegas de trabalho e afins é da sunnah geral do Islam. O Profeta (que a paz e as bênçãos estejam com ele) enfatizou os direitos dos vizinhos e aqueles com quem se tem qualquer tipo de relacionamento em numerosos ahadith, e esses não distinguem entre muçulmanos e não-muçulmanos. Da mesma forma, seria permitido presentear em dezembro com a intenção de fortalecer os laços familiares e promover o bem do Islam. No entanto, deve-se tentar o melhor de forma distinta e digna para evitar imitar tradições não-muçulmanas. O muçulmano não deve importar o conceito de presentes de Natal ao lidar com outros muçulmanos.

[Nahlawi, Durar al-Mubaha; Ibn Nujaym, Ashbah Wa al-Nazair; Mulla khisro, Durar al-Hukkam]

E Allah sabe melhor!

Waseem Hussain

Verificado e Aprovado por Faraz Rabbani

http://seekershub.org/ans-blog/2009/12/25/giving-recieving-christmas-gifts/

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